Dia 12 de dezembro é dia de N. S. de Guadalupe, padroeira do continente americano, por isso o blog da Paróquia São Domingos traz análises sobre a fé e o catolicismo na América Latina.
Os passados decênios exigiram um cristianismo de comunhão e renovação, de participação e libertação. A próxima década, conservando a herança eclesial do passado, vai precisar de um cristianismo sempre mais evangélico e kerygmático, militante e dialogante, presente como fermento na sociedade e na cultura. Em síntese: um cristianismo autenticamente apostólico.
Perante os abusos de uma forma predatória de capitalismo oligárquico e enfrentando uma situação social de indigência crônica, configurou-se na igreja da América Latina um tipo de cristianismo, unindo radicalismo evangélico e universalismo católico, fraternidade solidária e luta pela Justiça, utopia ética nos fins e pragmatismo ético nos meios.
Paralelamente, no laicato cristão e na sociedade civil, configurou-se também, junto à utopia cristã de uma revolução personalista e comunitária, o desejo e a procura constante de uma "nova sociedade", menos injusta e mais igualitária, almejando reformas estruturais necessárias, para tomar humano o mundo das relações econômicas e trabalhistas, para não falar das relações sociais e culturais. Surgiu assim a figura de uma comunidade eclesial marcada pela utopia evangélica e pela ética da ortopraxis, serva do Deus da aliança e da esperança, a escutar o clamor dos oprimidos almejando o ano do grande jubileu da libertação das injustiças.
O Deus do futuro, santo e justo, redentor dos escravos e libertador dos aflitos, oferece na cruz do filho uma aliança de fraternidade, bem como o êxodo e passagem da terra mísera da escravidão à terra prometida da Justiça.
A Igreja da América Latina, reagindo contra os mecanismos perversos do empobrecimento
e contra o próprio fatalismo popular, procurou uma alternativa social inspirada na utopia evangélica, para superar a cultura do individualismo possessivo e a exasperada tipologia da anomia social e do desgoverno político, onde as classes subalternas eram deixadas sem proteção social e jurídica.
Pe. Felix Pastor S.J.
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