Tornou-se bastante comum na nossa sociedade escolher “modelos” para servirem de inspiração às pessoas. Os mais conhecidos são os homens e as mulheres que servem de “modelo” para desfilar as roupas que são fabricadas ou que servem para ilustrar as revistas de moda que ocupam generosos espaços nas prateleiras das livrarias e dos mercados. Mas temos também o “produtor modelo”, “estudante modelo”, “operário modelo” e “santo modelo”.
Não desmerecendo os outros, para os cristãos, o “trabalhador modelo” é São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. Sem fazer grande alarde, ele cumpriu com seu ofício de “pai provedor” na carpintaria de Nazaré. Foi lá que obteve os recursos para dar de comer à sua família e lhe dar vida decente. Foi também lá que introduziu Jesus no mundo do trabalho. É o que afirmou de forma sábia São João Paulo II na Exortação Apostólica Redemptoris custos: “Se a Família de Nazaré, na ordem da salvação e da santidade, é exemplo e modelo para as famílias humanas, é-o analogicamente também o trabalho de Jesus ao lado de José carpinteiro”. E, mais do que isso, foi “graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, que José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção” (RC, 22).
Do tempo de São José até os dias de hoje o trabalho passou por muitas mudanças. A maior delas se deu, certamente, com a Revolução Industrial. O regime de trabalho mudou, assim como também mudaram os instrumentos usados para o trabalho. As novas tecnologias dificultam a percepção de uma relação entre o trabalho no tempo de Jesus e o trabalho no mundo atual. Continuamente corre-se o risco de transformar o trabalhador em simples peça de engrenagem, que pode ser descartado quando deixa de cumprir com sua função.
Operários - Tarsila do Amaral |
Na recente assembléia da CNBB, ao lançar um olhar sobre a conjuntura brasileira e, cientes de que não podemos calar “frente aos acontecimentos que interessam aos cidadãos”, publicamos uma Nota de alerta e convocação. Entre outras coisas, afirmamos que “a retomada de crescimento do País precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e principalmente aos mais pobres”. Alertamos que “a lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no Congresso Nacional, não pode, em hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise”.
Aproveitemos, pois, as comemorações do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora para reafirmar a dignidade da pessoa humana. Unamo-nos na luta pela geração de novos empregos e na preservação dos direitos dos trabalhadores. Olhemos para São José e, assim como ele, façamos do trabalho o meio de nossa santificação pessoal. Que Deus, por intermédio de São José Operário, abençoe os trabalhadores e as trabalhadoras.
Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Saiba o significado desse feriado
Revolta de Haymarket |
Comemorado no dia 1º de maio, o Dia do Trabalho ou Dia do Trabalhador é uma data comemorativa usada para celebrar as conquistas dos trabalhadores ao longo da história. Nessa mesma data, em 1886, ocorreu uma grande manifestação de trabalhadores na cidade americana de Chicago.
Milhares de trabalhadores protestavam contra as condições desumanas de trabalho e a enorme carga horária pela qual eram submetidos (13 horas diárias). A greve paralisou os Estados Unidos. No dia 3 de maio, houve vários confrontos dos manifestantes com a polícia. No dia seguinte, esses confrontos se intensificaram, resultando na morte de diversos manifestantes. As manifestações e os protestos realizados pelos trabalhadores ficaram conhecidos como a Revolta de Haymarket.
Parabéns à todos os trabalhadores, que sua força de trabalho seja dignamente reconhecida e que o exemplo de São José os inspire!
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