O Papa Francisco anunciou nesta quinta-feira, 22, a criação de uma nova congregação da Cúria Romana para as áreas da Família, Leigos e Vida. O anúncio foi feito ao inaugurar a reunião geral do Sínodo dos Bispos nesta tarde no Vaticano.
Francisco informou ainda aos participantes que uma comissão de estudos vai determinar a nova estrutura, que congregará o atual Conselho Pontifício para a Família, o Conselho Pontifício para os Leigos e a Academia Pontifícia para a Vida.
O anúncio dá mais relevo à área da Família dentro dos organismos centrais de governo da Igreja Católica, que colaboram mais diretamente com o Papa. A proposta de alteração tinha sido feita em setembro pelo conselho consultivo de cardeais.
O Sínodo dos Bispos sobre família se aproxima do fim. Na coletiva desta quinta-feira, 22, grande parte do tempo foi dedicada ao relatório final. Hoje, 23, o relatório deve ser concluído para votação no sábado.
Conversaram com a imprensa o Cardeal Oswald Gracias, que integra a comissão criada pelo Papa para a redação do texto final; o Cardeal Patita Mafi, do Reino de Tonga (Oceania); e o Cardeal José Horacio Gomes, arcebispo de Los Angeles (EUA). Em breves colocações, eles fizeram um balanço de pontos discutidos no Sínodo e dos preparativos para a redação do documento final.
Cardeal Gracias destacou a experiência de caminho conjunto que se faz na assembleia sinodal. Ele disse que a proposta é ver como os bispos podem ajudar o Papa e como podem seguir seus trabalhos pastorais. Ele falou de uma “descentralização”, ou seja, os bispos devem ser formados em nível teológico, moral e canônico para compreender as diferentes abordagens necessárias a fim de enfrentar os problemas específicos de cada país. “O Santo Padre veio agradecer-nos pelo nosso trabalho na Comissão, não ficou para a discussão, mas nos falou sobre a importância da família”.
Metodologia de redação do relatório final
O cardeal explicou ainda como funciona o método de trabalho para a redação o relatório final. Os especialistas analisam as mais de 700 emendas apresentadas para o documento final e escolhem as mais representativas para que a Comissão decida quais delas inserir no texto final.
Ainda na fase de esboço, o relatório possui cerca de 100 páginas, aprovadas por unanimidade pela Comissão. Na abertura, é possível que seja inserido um preâmbulo, a pedido de alguns Círculos menores.
Depois de ter sido apresentado padres sinodais, o texto proposto deve ser colocado em discussão na manhã de hoje. As modificações que forem solicitadas devem ocorrer, de forma escrita, até as 14h, pois a tarde será dedicada à reelaboração do texto. No sábado pela manhã o relatório definitivo será lido na Sala do Sínodo; à tarde o texto será votado parágrafo por parágrafo. Depois, caberá ao Papa estabelecer se vai publicar o relatório ou não.
Globalização e impacto na família
Diretamente de Tonga, na Oceania, Cardeal Mafi, que é o mais jovem do colégio cardinalício (54 anos), voltou ao Sínodo após sua participação na assembleia passada. “Venho com um coração aberto e em escuta para aprender com os meus irmãos bispos do primeiro mundo”.
Ele destacou que, no mundo globalizado atual, há tanto bençãos como desafios que dizem respeito às famílias. Em especial no seu país (Reino de Tonga), Cardeal Mafi falou das dificuldades dos Estados insulares, que ainda não têm instituições fortes, e das transformações que o individualismo tem levado para a família.
Tema das migrações
Com relação às discussões feitas até agora, Cardeal Gomez disse que gostaria de ter tido mais tempo para falar sobre alguns temas, como imigração, a relação entre família e economia e educação. Nos EUA, por exemplo, existem 11 milhões de imigrados irregulares, explicou, e se trata de pessoas que fazem parte das famílias e que precisam de ajuda.
“É importante examinar os temas e, verdadeiramente, ter um sentido de missão para dar a Boa Nova a todos (…) Então há a esperança de que o Sínodo 2015 ajude as pessoas a entender como ser um bom católico na vida diária”.
Por Canção Nova, com informações do Vaticano
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