“Fraternidade e Saúde Pública”
“Que a saúde se difunda sobre a terra”
Uma vez mais nos aproximamos de um tempo propício para reflexão e conversão, a quaresma traz consigo os mistérios de nossa salvação. É preciso que estejamos com o coração lavado e renovado para celebrarmos os sofrimentos e a entrega de Cristo, culminando com a sua páscoa, pela qual fomos libertos da corrupção do pecado e da morte.
Para aprimorar nossa reflexão e nortear nossas discussões a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil propõe todos os anos nesse tempo litúrgico em especial, a Campanha da Fraternidade, com início a partir da celebração de quarta-feira de cinzas, realizada por todas as igrejas do Brasil, a fim cria ambiente favorável para o diálogo e mobilização social através de sues temas.
Em 2012 nos é proposto refletir sobre a problemática da saúde pública em nosso país e no mundo. “Fraternidade e Saúde Pública”, com o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”. Discutiremos também o acesso dos idosos e mais necessitados à tratamentos humanizados e eficientes. A campanha da Fraternidade 2012 chega em boa hora, uma vez que, nos preparando para a década do esporte no país associada à pujança econômica, poucos projetos parecem abranger o setor da saúde e definitivamente deixou e ser prioridade pública, já que os planos de saúde nunca faturaram tanto, chegando ao patamar de 60% do total de investimentos no setor ser de origem privada. Talvez esse dado explique o descaso com a área, será que algum filho do alto escalão do Ministério da Saúde freqüenta as emergências dos hospitais públicos? Fica a dúvida...
Se o Brasil almeja figurar entre as nações com melhores índices sociais no mundo, apesar da mudança no perfil econômico, está longe de alcançar a excelência na saúde. Nos últimos anos o país tem invertido apenas metade do que investem países como Canadá e Alemanha, cerca de 3,6% do PIB (soma de tudo que é produzido pela economia de um país), denunciando uma defasagem de quase 30 anos. Atrás de números insuficientes esconde-se um dos maiores projetos de saúde do mundo: o SUS – Sistema Único de Saúde, criado em 1988 e que desperta atenção de estudiosos do mundo inteiro por sua extensão e universalidade, porém existe um vão entre as aspirações e a realidade.
No mesmo ano da criação do SUS foi promulgada a Constituição de 1988 que declara a saúde um direito do cidadão, o Brasil, como a maior parte dos vizinhos latino-americanos, tinha um sistema duplo, um primeiro voltado para trabalhadores com emprego formal e um segundo para o restante da população. Especialistas declaram que o governo deve mudar a forma com que gasta os orçamentos do Sistema de Saúde, sendo talvez um problema mais grave de gerência do que financeiro.
A CF 2012 quer plantar a semente da mudança na opinião pública. Não devemos nos naturalizar com situações extremas de mortes inocentes e precariedades, as altas taxas de impostos têm o dever se serem revertidas em qualidade de vida aos cidadãos. Por questões de necessidades podemos terceirizar a educação, a segurança e até mesmo a saúde, mas não devemos nos omitir e delegar a terceiros nossa voz e vontade de transformação social.Você tem direitos!
Pedro Moreno
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