Aden Salaad, de dois anos, olhando para sua mãe (fora do quadro) |
Além de conflitos internos, a Somália e outros países da África Oriental, como Etiópia e o próprio Quênia, passam pela pior seca dos últimos 60 anos. Nesta terça-feira, a ONU chamou a atenção para a crise humanitária na região, onde a temporada sem chuvas atinge cerca de 11 milhões de pessoas, e fez um apela a comunicada internacional.
"O custo humano desta crise é catastrófico. Nós não podemos nos dar o luxo de esperar" disse o secretário-geral da ONU, Ban ki-moon "Nós admitimos que temos que fazer de tudo para evitar que essa crise se aprofunde".
Para receber a porção de comida - três quilos por quinzena, as famílias devem esperar, em média, 12 dias. Os utensílios de cozinhas e roupa de cama demoram mais de um mês. Durante este período, os recém-chegados precisam se virar em temperaturas médias de 50 graus, buscando alimentos no deserto e fugindo de animais selvagens, principalmente de ataques de hienas, frequentes na região.
"Cheguei com seis parentes. Temos um pedaço de terra na área dos recém-chegados, mas não temos nada para construir um abrigo. Não temos plástico, nem tendas. Temos apenas os nossos cartões de registros, mas ainda esperamos por nossa porção de comida. É muito perigoso aqui. Temos medo que animais selvagens comam nossas crianças durante a noite" contou Fatima a funcionários do Médicos Sem Fronteiras, 15 dias após chegar ao Quênia, fugida de Mogadishu, na Somália.
Como os acampamentos estão lotados, recém-chegados devem esperar do lado de fora dos campos ou procurar abrigo em casa de parentes. Segundo o Médicos Sem Fronteiras, cerca de 25 mil pessoas vivem do lado de fora dos acampamentos.
A ONU tinha um projeto de abrir um novo campo de refugiado no local, uma extensão do complexo de Ifo, com mais instalações, que serviriam para acomodar 40 mil pessoas, mas a obra foi suspensa em janeiro deste, depois de muitas negociações com autoridades quenianas. Até o momento, não há sinais de avanço nas conversas com o governo.
Há 20 anos, a Somália não tem um governo central e milícias islâmicas al-Shabbab impediram a entrada de ajuda humanitária nos locais dominados por ele. Segundo os extremistas, a ajuda encorajaria a dependência. Desde de o ano passado, a agência de alimentos da ONU desistiu de ajudar somalis, com medo de colocar seus funcionários em risco diante de "condições de trabalhos inaceitáveis".
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