quinta-feira, 15 de setembro de 2011

CARTAS ENCÍCLICAS: COMUNICAÇÃO DO PAPA COM O POVO

 
A carta encíclica, é um documento pontifício dirigido aos bispos de todo o mundo e, por meio deles, a todos os fiéis. O termo "epistola encyclica" parece ter sido introduzido pelo Papa Bento XIV (1740-1758).

A encíclica é usada pelo Papa para exercer o seu magistério ordinário. Trata de matéria doutrinária em variados campos: fé, costumes, culto, doutrina social, etc. Uma "encíclica não define um dogma, mas actualiza a doutrina católica através de um ensinamento ou um tema da actualidade e é vista como a posição da Igreja Católica sobre um determinado tema. Normalmente, uma encíclica é designada pelas suas primeiras palavras a partir do texto em latim" .

Exemplos de encíclicas: "Rerum Novarum" (Papa Leão XIII) sobre a questão operária; "Casti Connubii"(Papa Pio XI) sobre a moral conjugal; "Mediator Dei" (Papa Pio XII) sobre Liturgia; "Humani Generis" (Papa Pio XII) sobre alguns erros que ameaçam a fé; "Laborem Exercens" (Papa João Paulo II) sobre o trabalho humano; "Fides et Ratio" (Papa João Paulo II) sobre as relações entre fé e razão, etc.

As encíclicas que o Papa Bento XVI escreveu até o momento são Deus Caritas est, Spe salvi e Caritas in Veritate.

VAMOS CONHECER UM POUCO SOBRE A ÚLTIMA ENCÍCLICA PUBLICADA POR BENTO XVI: Caritas in Veritate (2009) - Caridade em Verdade

"Da economia à cultura, os seis capítulos da encíclica aprofundam as questões do desenvolvimento no contexto social, jurídico, cultural, político e económico". Na crítica e na análise destas questões sociais, Bento XVI centrou-se na "articulação entre caridade e verdade", que são as "forças principais [para] um autêntico desenvolvimento orientado pela justiça e pelo bem comum". Por reflectir principalmente sobre o autêntico desenvolvimento humano, a Caritatis in Veritate baseou-se por isso na encíclica Populorum Progressio (1967), do Papa Paulo VI. Mas, devido às enormes diferenças entre o mundo de 1967 e o de 2009, o Papa Bento XVI sentiu a necessidade de abordar a Doutrina Social da Igreja de uma maneira muito diferente daquela que tinha sido apresentada na Populorum Progressio pelo Papa Paulo VI.


Mais concretamente, nesta encíclica, Bento XVI defende "a reforma, quer da ONU quer da arquitectura económica e financeira internacional, sentida em especial perante o crescimento incessante da interdependência mundial, mesmo no meio de uma recessão económica planetária". Face a esta grande recessão, o Papa exorta os países mais ricos a "ajudar as “economias atingidas pela crise de modo a prevenir o agravamento da recessão e, em consequência, mais desequilíbrios”". Ele também realça a necessidade urgente "de uma nova e profunda reflexão sobre o sentido da economia e dos seus fins, bem como uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento".

Este Papa deseja que a Organização das Nações Unidas (ONU) possa tornar-se numa verdadeira "autoridade política global, regida pelos princípios da subsidiariedade e solidariedade". Ele enumerou também os grandes problemas que a comunidade internacional, unida na ONU, deve resolver: o governo da economia mundial, o “desarmamento”, a “segurança alimentar e paz” e, ainda, a defesa do ambiente e a regulação de fluxos migratórios".

No fundo, esta encíclica não pretende oferecer "soluções económicas [...], mas orientações éticas", para que a economia, orientada por "uma ética amiga da pessoa que respeite a vida, os mais pobres e desfavorecidos", possa "funcionar correctamente" e contribuir para o autêntico desenvolvimento de todos os homens e para a minimização dos desequilíbrios mundiais.

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