O dono da hospedaria convertido
Dom Diego, Domingos e sua comitiva foram acolhidos numa hospedaria, de acordo com a dignidade de uma comitiva real. O cansaço de uma longa viagem a cavalo, não foi impecilho para que Domingos dedicasse seu tempo em conversar com as pessoas que ali se encontravam. O hospedeiro, escandalizado e confuso, ao ver o..bispo cavalgando em cavalos adornados, disse a Domingos:
-Devemos evitar a riqueza, porque a matéria é má e devemos viver segundo o Espírito.
-Você parece ser um cátaro, disse Domingos.
-É verdade, disse o hospedeiro.
-Diz-me, irmão – argumentou amavelmente Domingos – se a carne é má, por que o Verbo de Deus tomou nossa carne?…
O hospedeiro refletiu alguns instantes e, não encontrando resposta, disse em meia voz:
-Talvez tenha razão…deixe-me pensar…
O dialogo se prolongou até o amanhecer…Domingos dava graças a Deus pela alegria de haver resgatado para a Igreja, um irmão que andava pelos caminhos do erro.
O milagre dos escritos de São Domingos Gusmão
Naquela noite, os cátaros, sentados ao redor de uma fogueira, liam e comentavam os argumentos propostos por Domingos. De repente, surgiu a idéia de recorrer ao “Juízo de Deus”, próprio da época, para saber por meio de um milagre quem estava com a verdade. Para isso, deveriam jogar na fogueira o escrito de Domingos, juntamente com o do herege. Disseram: “aquele que saísse ileso da fogueira, seria reconhecido como portador da verdade. Havia chegado a hora em que o Senhor cumpriria sua promessa: “Ao serem julgados, não sois vós que falareis, mas o Espírito do pais que falará em vós”. (Mateus 10, 20). Sem discutir nem fazer mais preâmbulos, os cátaros lançaram ao fogo os escritos de Domingos e os seus. Para confusão de todos os presentes, o pergaminho de Domingos saiu voando aos ares…como se a maravilha que viram não os convencessem, insistiram: “Lancemos novamente ao fogo e assim comprovaremos a verdade, plenamente”. Pela segunda vez o pergaminho de Domingos foi lançado fora das chamas, sem se queimar. Não satisfeitos com o que viam, disseram: “Lancemos ao fogo pela terceira vez e então conheceremos a verdade, sem nenhuma sombra de dúvida”.
E pela terceira vez o escrito de Domingos saiu intacto das chamas…No dia seguinte, os juízes cátaros se abstiveram de deliberar e ditar sentenças. Simplesmente sentiram-se derrotados e envergonhados. O pergaminho que continha os argumentos e respostas de Domingos desapareceu nas mãos do pregadores cátaros; porém, a verdade do sucedido transcendeu e impactou a muitos. O broche de ouro daquela disputa maior foi a conversão de cento e cinqüenta cátaros, que pediram para voltar ao redil da Igreja.
Iam de lugar a lugar como os Apóstolos: a pé, descalços, pregando a Boa-Nova e mendigando o pão de porta em porta.
A morte de seu amigo Diego
A morte de Diego, seu bispo e companheiro de pregação, longe de desanimar Domingos, reafirmou sua obra apostólica. Com perseverança e audácia, continuou pregando a Palavra de Deus em debates públicos.
O milagre da barca
A barca seguia sobrecarregada e, quando menos esperavam, naufragou em frente à capela de Santo Antonio Abade de Toulouse. Os náufragos, em desespero, começaram a pedir auxílio aos gritos. Domingos, que orava na capela, saiu correndo para socorrê-los. Ao ver que estavam sendo arrastados pela corrente do rio, orou suplicante. Com os braços abertos em direção aos céus, fez com que as vítimas nadassem em direção à orla, sãos e salvos.
Sabia vencer o sono
Em qualquer estação do ano, ele se encontrava no templo orando, diante de Jesus Sacramentado, até altas horas da noite. Para não se deixar vencer pelo sono, recorria a estratégia de fazer orar todo seu corpo; de joelhos, em prostração,…com os braços em cruz, ou elevado até o infinito.Domingos não se acostumava dormir na cama; preferia deitar e descansar no chão, enquanto a comunidade dormia placidamente.
Domingos experimentou também as piadas, humilhações e maldades de seus inimigos. Nos povoados que missionava, principalmente em Carcassone, os cátaros o perseguiam constantemente. Onde o encontravam cuspiam-no, atiravam-lhe barro, o insultavam-no e jogavam palha seca pelas costas. Diante de tanto ódio, faziam tudo para ameaçá-lo de morte. Diante das ameaças, Domingos não fugia. Saía com seus passos naturais, com atitude de bondade e acolhida e respondia às suas ameaças, dando-lhes a razão de sua fé.
Do livro "Nas pegadas de São Domingos de Gusmão". Ir. Maria Izabel Coenca.
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